terça-feira, 21 de novembro de 2017

5º marcha

A questão é como tudo tem passado tão rápido, os dias, as horas os meses. Já estamos quase no fim do ano, e estou a alguns meses dos meus 20 anos, me sinto velha em pensar em me casar e encarar tudo o que vem pela frente, mas, ao mesmo tempo, ainda tenho 19.
Cinco e meia da manhã, despertador, calça, café, chaves, acaricio o cachorro, e estou mais uma vez no mesmo ônibus, com as mesmas pessoas, a felicidade me acaricia se consigo chegar a tempo de pegar o ônibus menos lotado, caso contrário, fila, empurrão, cheiro estranho, com licença, vou descer, um segundo para respirar, não, começa o expediente, vão-se ai algumas horas, livros para guardar, gente para atender, precisa de ajuda?, posso usar o computador?, ufa! Meio dia, esquenta, engole, escova os dentes, e mais algumas horas da mesma coisa, até que enfim eu saio, o dia parece té ficar mais colorido, mas logo à frente, mais um ônibus, e outro, ando um pouquinho, pego as chaves, finalmente, casa, minha mãe jogada no sofá, como eu queria fazer igual, posso?, não, tem que estudar, história da América, colonização, fundamentos de que?, tardes perdidas com um livro ou uma videoaula chata, para chegar na prova e tirar um cinco, poxa, tá que é meu número favorito mas você tinha que aparecer agora?!
Me sinto uma velha, e ainda nem fiz 20, e nem sei se faço uma festa ou apenas encontro alguns amigos mais próximos em algum barzinho.
É tudo tão sufocante, eu lembro de como essa época era importante para mim, me deixava feliz, tudo parecia estar mais leve, talvez pelas férias escolares, ou os feriados em família, não sei, só sei que tudo isso acabou, ou se reduziu bastante com minha nova vida, acho que minha Eu de 15 não achou que seria assim, mas sei que ela sentiria orgulho de quem eu me tornei e tudo o que conquistei, é claro que ela não sabia a sorte que tinha por não se preocupar com tudo isso, deve ser por isso que naquela época passava tanto tempo pensando em amor, e hoje em dia, só me preocupo em lembrar de comprar meu remédio todo mês e não deixar minhas plantas morrerem de sede.
Não vou reclamar, eu amo a minha vida, toda essa agitação e sempre ter algo para fazer nos fins de semana, acho que se eu tivesse tempo de mais para descansar a mente ficaria louca na minha cama escrevendo um livro sobre o quanto eu odeio meus ex-namorados, que era basicamente o que eu fazia aos 15. Bom, é bom me ver assim, toda cheia de planos e tão apaixonada por eles, por todos eles, espero que continue assim, e espero mesmo não acabar como a minha mãe, jogada todas as tardes no mesmo sofá pensando em como a vida poderia ter sido diferente sem nenhuma vontade de mudar a realidade que tanto odeia. Tenho orgulho da minha bagunça, e espero que seja assim, enquanto eu aguentar.


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